terça-feira, 7 de agosto de 2007

A promessa das palavras

Sempre esse maldito compromisso.
Não sou capaz e assumo a derrota e, por consequência, o desespero, o medo.
Esvaziei o computador e até paguei a um especialista para não deixar vestígios do passado. Guardei o que interessava em cd’s ou dvd’s. A maior parte, música. A minoria, palavras. As palavras ocupam menos espaço, porque também não interessam a ninguém. E ainda algumas imagens. Fotografias tuas tiradas por mim ou nossas captadas por um olhar alheio a nós, de um transeunte que por ali passava. Será ele a única testemunha do nosso pacto, do nosso segredo? Não haverá mais ninguém?
Prometi-te uma carta, não foi? Manuscrita, para mal dos meus receios. Quero que saibas que tentei. Tenho folhas que o provam, algures em minha casa. Talvez junto ao computador.
Mas como querias que te escrevesse, se passávamos os dias e as noites juntos?
Agora que partiste, que estás longe e que a saudade deveria alimentar a capacidade de te escrever, agora que tenho motivo, infelizmente, logo agora, a vontade diminuiu, desapareceu até.
Mas um dia, ao fim da tarde, quando não aguentar mais recordar os teus abraços, os teus mimos, quando não suportar a angústia de não te ter perto de mim, quando fotografar a paisagem da tua ausência… um dia, escrevo-te. E envio-te a carta manuscrita pelo correio, como tu tanto desejavas.
Por enquanto, deixa-me a sós com este computador vazio, que irei, com certeza, encher de ti.

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